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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009




"Nada como um dia após dia, uma noite, um mês... Os velhos olhos vermelhos voltaram de vez."

To assim hoje, melancólica. Chateada por essas coisas que são prejudicadas no meu dia a dia, por estar gorda. E são coisas pequenas... Como a dificuldade em por roupa quando saio do banho com o corpo ainda húmido. E dormir nua para não ter esse desprazer. E ter vergonha de sair, de fazer qualquer coisa. Nem peças íntimas não compro mais, me pergunto pra quê. A coisa ta séria, o bicho ta pegando... Tá cada vez piór. Quando a noite cai, meu humor cai junto. É o momento que começo a me remoer e pensar que mais um dia passou e não fiz nada. Meu marido disse "Amanhã é um novo dia!". Sim, eu sei. Mas não tem feito diferença, sabe. Apezar de eu viver agoniada, antecipando os problemas que virão quando for natal, quando for aniversário dos meninos, quando voltar a trabalhar. Já estou 3 meses em casa e só engordei. Sei de tudo o que precizo fazer, mas não faço nada. Me sito uma porca pronta para o abate. Sem drama, mas a feminilidade sumiu. Hoje eu ronco e é por causa do sobrepeso. Como sem nenhuma elegancia. Só como devagar quando ja estou empanturrada, que não cabe mais. Aí sim respiro para fazer caber mais um pouco. Quando uso maquiagem me sinto a própria mulher barbada do circo. Maquiagem não combina com aquela figura, nem comigo. Levanto de um lugar para me largar em outro. Antigamente se precizasse ir ao centro até cojitava a hipótese de ir a pé. Hoje eu só saio se tiver dinheiro para o onibus. Se não, esquece. Até por que com o Enzo pequenininho e o carrinho estragado complica tudo. Eu não aguento carrega-lo duas quadras sequer. E assim vou indo, cada vez mais gorda. Vai chegar uma hora que desistirei, pois será muito peso para eu perder. É muito triste encarar a competição, principalmente por que não sou nem quero ser a "tia gordinha, que é gordinha mas é legal!". A "tia EXG" que sempre que você vai na casa dela tem comida boa e braços fartos a te abraçar. Uma vez minha cunhada encostou a cabeça no meu ombro e disse "Ai que gostoso, que fofinho...". Tive ancias de esgana-la. A mulherada é cruel mesmo, não poupa. E pensa o prazer das mulheres todas da minha familia, todas mais velhas que eu pelo menos seis anos. Eu ser a mais nova e as roupas delas não caberem em mim... É por isso que meu convivio social esta cada vez mais restrito à minha sala e meu orkut. E apesar de tudo sinto que as pessoas me tem como referencia ainda, por que um dia apreciei ser elegante, cheirosa e andar no salto. Pessoas que imaginam que eu ainda tenha uma infinidade de maquiagens e roupas legais, que adoram vir me oferecer Avon por que sabem que sou (ou ao menos já fui) grande consumidora. Como se elas ainda se lembrassem de quem está por baixo desses 40kg a mais. Que me pedem conselos e dicas de beleza. Modéstia a parte, meus gostos são refinados, são elegantes. Gosto de tecidos finos e brilhantes, rendas e pedrarias. Se tiver verba, me visto muito bem. Sei usar essas coisas sem ficar cafona. Mas nada disso fica bem no corpo que tenho hoje. Tenho um lindo cetim estampado, com cores fortes. E não teho coragem de mandar fazer algo para mim com ele, pois acho desperdício. Tenho pena de minhas crianças e meu marido. Um quer sair para brincar, outro adoraria se sempre eu o jogasse para cima, o último só gostaria de fazer um amor bem feitinho, mas eu travo... Essa é minha vida. E o relógio correndo feito louco. Que saudades de mim mesma. Que medo de me encarar de frente.

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